O 11 de setembro, sob outro ponto de vista.
O Estadão de 04 de setembro, domingo, trouxe um caderno especial sobre 11.09.2001, “A Marca do Terror no Início do Século”. Muitos desenhos esclarecedores, um horário equivocado, linha do tempo bastante explicativa. Mas, em suma, nenhuma informação nova, retumbante.
Mário afirma que todo mundo está se adiantando com medo de levar algum furo. Afinal, dia 11 é hoje e já faz uma semana que o caderno saiu. Jornalistas se pautam pela necessidade de serem sempre os primeiros. E, assim, o material publicado antecipadamente não corre riscos.
Que considerações poderiam ser feitas a respeito? Seria muita pretensão minha dizer que ninguém ainda refletiu, considerou o que vou colocar a seguir. Depois da imensa quantidade de material produzido sobre os fatos, é possível que várias pessoas tenham tido a mesma ótica, visto sob o mesmo ponto de vista. Se assim aconteceu, o meu texto vale como um desabafo. E acrescenta argumentos.
Certamente a voz que fala mais alto dentro de mim é a voz da educadora. Para não ser exagerada, afirmo que 90% dos problemas do nosso país e de outros se resolveriam se houvesse nesses lugares uma política educacional séria. Vamos lá: alguém acredita que se os terroristas fizessem parte de uma sociedade em que se valoriza a educação plural, abrangente, laica, acreditariam que suas ações suicidas seriam recompensadas por Alá com 72 virgens?
A esse propósito, Jorge Pontual, da Rede Globo, disse que se irrita toda vez que ouve alguém dizer que os terroristas eram religiosos fanáticos. Diz que os fatos não tiveram qualquer ligação com a religião islâmica. Que todos os líderes sérios dessa religião se manifestaram contrários aos acontecimentos. Seriam os jovens islâmicos tão facilmente manipuláveis se tivessem acesso a leituras variadas, multiculturais? Se suas escolas fossem focadas em uma educação inclusiva, voltada a convivências agregadoras não acreditariam “na noção de certo e errado baseada fundamentalmente na opinião pessoal dos líderes de suas comunidades”, como afirma acontecer a Dra. Rona Fields, psicóloga americana, estudiosa da mente de terroristas há mais de 30 anos.
O que faltou na vida dessas pessoas foi educação de qualidade e a abertura e visão de mundo que essa educação proporciona.
Nossa sorte é que brasileiros são, por índole, pacíficos e pouco ou nada dados a arroubos ideológicos. Pelo menos hoje em dia. Se não, com a Educação que temos, correríamos o risco de criar fanáticos de todo o tipo.
Vera Schwarz