O jogo de xadrez que tem como cenário a efervescente crise política que se instalou em Jaú apresentou ontem mais um lance que merece uma análise profunda. Desta vez quem moveu a peça no tabuleiro foi o grupo do prefeito Oswaldo Franceschi, que propôs a abertura de mais uma comissão de inquérito, essa para remexer as prestações de contas dos três carnavais organizados nesta administração. A proposta, acatada pelos vereadores (apenas Zanatto não assinou) partiu do líder do prefeito, o vereador Paulo de Tarso.
Além de investigar possíveis irregularidades nas notas fiscais e recibos apresentados por blocos e escolas de samba, pessoal normalmente não muito atento às normas da contabilidade (lembro o quanto sofreram com isso as amigas Regina Rapisarda e Lucy Rossi, secretárias de Cultura nos governos Waldemar Bauab e João Sanzovo), a instalação da nova CEI pode ser interpretada como um contra-ataque da turma da situação. Tipo quem com CEI fere, com CEI será ferido.
O vereador Paulo de Tarso, PV, quer investigar o ex-secretário de Cultura André Galvão, PV, indicado, frito e substituído pelo prefeito Franceschi, PV. Se encontrarem alguma irregularidade, serão responsabilizados André Galvão, PV, e o prefeito, PV. Se estiver tudo correto, o PV sofrerá mais um enorme desgaste, talvez até maior que os gerados pelo desentendimento do ex-deputado José Paulo Tóffano, PV, com o prefeito, PV, e do presidente da Câmara, Magon, PV, ao assinar requerimento para investigar os atos secretos de Franceschi, PV.
A instalação da CEI do Carnaval pode trazer embutida no seu escopo técnico outros objetivos. Um, o de embaralhar a opinião pública e desviar o foco das investigações dos atos secretos e do contrato com a Consladel. Outro, o de tentar calar André Galvão, que desde sua saída do governo não poupa críticas a alguns setores da administração. De peito aberto, sempre de forma direta e destemida, o ex-secretário André tem causado enormes preocupações ao núcleo governista. Foi ele quem alertou a imprensa a respeito do processo de fritura por que estava passando o secretário de Meio Ambiente, Maurício Murgel, PV. Pouco depois Murgel pediu férias. Em entrevista ao Jornal Gente, declarou: “Querem me fritar? Podem vir”.
Enquanto os poderes Executivo e Legislativo abastecem seus canhões com mísseis para a guerra oficialmente declarada, a população continua pagando seus pecados. Buracos, sujeira nos quatro cantos da cidade, falta de água e as intermináveis denúncias de contratação de serviços a preços exorbitantes (a mais recente, o custo do site da prefeitura: 78 mil reais).
Na área da segurança pública, então, nem se fala. Vocês sabem quantos furtos de veículos aconteceram em Jaú no fim de semana? Dez furtos. Nossa polícia trabalha com efetivo muito menor do que o ideal. O mínimo esperado era alguma autoridade vir a público para dizer: gente, basta! Vamos lá no Palácio dos Bandeirantes exigir que o governador reforce o efetivo de nossa cidade. Alguém ouviu alguma manifestação a respeito? Eu não. Infelizmente.